sexta-feira, 3 de julho de 2009

Imã





Por Miriam Martins



Tem uma gata nova aqui no condomínio que sai todos os dias para levar o seu poodle para passear. Um Boeing 737 pra ninguém botar defeito, tipo essas mulheres de fechar o quarteirão. Nunca me deu bola. Passo do lado dela, olho, mas não mexo, apenas deixo o rastro do meu interesse por ela no ar. A gata é cheirosa e tem um corpão escultural, uma cintura de invejar qualquer mulher e uma barriguinha tanquinho, que mais parece ter sido fabricada em uma dessas academias de malhação lotadas de maravilhosas gatas.
Mas igual a essa eu nunca tinha visto. Não sei como consegue manter a bela forma, pois sempre volta do passeio com uma sacola da padaria, cheinha de pães fresquinhos.
Sei lá, vai ver toma soda cáustica, como diz o povo por aí...
O porteiro dá todo o serviço. Conta quando ela recebe amigos e que seu nome é Marina... Ah Marininha...
Eu fico sonhando com ela, mas ela parece me repudiar, como se eu não existo alí, e olha que eu faço questão de passar bem pertinho dela, cheio de vontade de dar uma cheirada naquele pescoçinho ou uma bitoca molhada naquela boca.
Até que ontem eu estava saindo de casa com Teresa, minha mulher e o Pablo, meu filho mais novo, quando tomei o maior susto.
A gata me fitou com olhos de águia e com aquele olhar de que quer arranjar encrenca. Teresa quase percebeu, não fosse eu disfarçar com uma conversa qualquer para distraí-la daquela difícil ocorrência.
Quem diria. Após esse episódio ela passou a me espreitar pelo bairro e até teve a ousadia de enviar um bilhete marcando um encontro para amanhã...
Se eu soubesse não teria escondido a aliança por tanto tempo.
Vai entender as mulheres!

Nenhum comentário: